Insulina - Por Mathilda Kóvak
se sou doce viro melado e enjoo se sou amarga viro veneno e não doo minha amargura é a insulina do mundo minha doçura o marshmellow das crianças eu quero que elas se lambuzem enquanto a diabetes não vem adultas provarão do meu veneno-insulina eu que nunca deixei de ser menina nunca deixei de ser velha também assim, minha escrita fina corta o torso do animal humano lâmina que é em minhas mãos trêmulas opero com este bisturi que é minha pena o coração da espécie e acordo no CTI de peito rasgado inscrita a minha prece porque fui eu que me ofereci em sacrifício ao doente ao lado fui eu que sofri tudo quando o resto tinha pressa fui eu que atuei e escrevi esta peça fui eu que me perdi e me encontrei que morri e ressuscitei todo poeta é Jesus